BOAT OFFICE, por que não?

BOAT OFFICE, por que não?


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Em tempos de pandemia, uma solução pra lá de original!

Olá pessoal, conheça como esse empresário carioca – André Martins de Lima – que conseguiu juntar o útil ao agradável, em grande estilo.

Ele respondeu às nossas perguntas a bordo do seu veleiro, no cenário indescritível do Rio de Janeiro.

Um forte abraço a todos e se cuidem!

Cap. Lais de Guia

BOAT OFFICE

André Martins de Lima

Profissão: Empresário          

Paixão: Velejar 

Veleiro: Amanhã II – 36 pés

Clube: Naval – Charitas – Niterói – RJ 

Cap. Lais de Guia – Aonde você mora?

André – No cais do Clube Naval Charitas, em Niterói RJ. Aqui existe uma excelente estrutura náutica, água, energia elétrica e WI-FI. Além de ser perto da casa da minha mãe e dos meus filhos e do comércio em geral. Tem basicamente tudo que eu preciso.

Cap. Lais de Guia – Quando surgiu a ideia de morar e trabalhar no barco? 

André – A ideia propriamente dita surgiu há muito anos. Lendo dezenas de livros, assistindo filmes, documentários e canais especializados em veleiros no youtube, e nas conversas de cais. Essa possibilidade sempre esteve presente nos meus pensamentos. O problema dos planos é que são feitos sempre para o futuro. E este futuro, para muita gente, nunca chega.

Cap. Lais de Guia – A pandemia é a grande “culpada” pelo Boat Office?

André – A pandemia na verdade foi a grande oportunidade. Logo nos primeiros dias eu percebi que seria muito difícil pra mim ficar tanto tempo recluso dentro de um

apartamento. O barco caiu como uma luva. Consigo ser muito produtivo no meu trabalho on line enquanto estou embarcado. E me possibilitou viver uma experiência muito gratificante e prazerosa, conhecer as alegrias e alguns perrengues de viver a bordo.

Cap. Lais de Guia – Você está sozinho?

André – Sim. Estou só. 

Cap. Lais de Guia – Pontos Positivos de morar e trabalhar no barco?

André – Com relação ao trabalho, a produtividade até me surpreendeu. Consigo permanecer concentrado e atento ao que preciso desempenhar. Não existem tantos “ladrões de tempo” como no escritório ou até em casa com outras pessoas. Com relação a morar, é preciso gostar do simples, do reduzido. Tudo é resumido no barco. São poucas roupas, o banho é curto, a comida é básica, só há um fogãozinho de duas bocas. O grande ponto positivo é descobrir que o menos é mais. Outro ponto interessante é que os velejadores estabelecem uma relação quase que pessoal com seus barcos. Apesar de ter o Veleiro Amanhã já há alguns anos, passei a conhecê-lo e entendê-lo bem melhor. 

Cap. Lais de Guia – Pontos negativos….existem?

André – Claro. Nem tudo é perfeito. As vezes balança um pouquinho mais do que você gostaria, o colchão não é tão macio como o que normalmente se tem em casa. O importante é focar nos pontos positivos e seguir. Nada disso tira o prazer de estar a bordo.

Cap. Lais de Guia – A proibição temporária de navegar te deixa louco ou triste?

André – Na verdade não há proibição. Não que eu saiba. Tenho saído para velejar as vezes. Apenas não tenho recebido meus amigos como faço sempre. Não fico triste. É só uma fase e todos sabemos que vai passar. Vamos curtir a passagem da melhor maneira possível. Sempre há uma calmaria depois da tempestade.

Cap. Lais de Guia – Um momento inesquecível nesses tempos de boat office.

André – Tem uma coisa curiosa. Tenho feito muitas reuniões virtuais. Vídeo conferências. Normalmente tento colocar a câmera posicionada de tal forma que o fundo seja neutro, para não chamar a atenção sobre o

local em que estou. Mas as vezes alguém reconhece e pergunta: Você está em um barco?!?! Que legal!! É engraçado as vezes chega a tirar o foco do trabalho. As pessoas tem curiosidade e querem saber como é estar a bordo. Os barcos despertam interesse até mesmo nas pessoas que não tem contato com o mundo náutico. 

Cap. Lais de Guia – Deixe uma mensagem para seus colegas velejadores sobre sua experiência de morar e trabalhar no barco em tempos de pandemia!

André – Essa pandemia nos proporcionou, entre outras coisas, uma maior consciência e reflexão sobre a finitude da vida. Passar a vida cultivando sonhos como se fossem inalcançáveis é uma pena. É preciso virar a chave das realizações e se permitir as experiências. Como disse Guimarães Rosa: “Viver carece de coragem”. Ouvi essa citação outro dia e achei muito adequada. 

Cap. Lais de Guia – Alguma velejada especial quando tudo isso acabar?

André – Todas as velejadas são especiais. Até um passeio pela baia da Guanabara é legal. Mas depois que a pandemia passar, uma semaninha naquelas enseadas da ilha grande não seria nada mal né? Fala sério. kkk

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