Conhecendo a Amarra Principal de sua embarcação

O segredo  de um sistema seguro e confiável de ancoragem passa pela escolha do tipo e dimensões da âncora e pela linha de ancoragem propriamente dita. Nesse post, vamos deixar a âncora de lado e nos concentrar na linha de ancoragem.

Amarra Principal

Amarra Principal

Existem dois tipos de linhas de ancoragem para embarcações de serviço e lazer de médio e grande porte:

  • A linha com 100%  de corrente
  • A linha mista, composta por um  tramo pequeno de corrente junto a âncora e um tramo maior de cabo de fibra (Poliamida ou Poliester AT) que é amarrado ao aparelho do convés da embarcação.

A corrente possui dois benefícios irrefutáveis: o seu peso bruto e sua resistência  à tração.

O próprio peso da corrente proporciona um efeito catenário na linha que reduz de forma significativa às cargas transmitidas a âncora e aos equipamentos do convés.

O peso ainda influi de forma benéfica para que o esforço de tração sobre a âncora seja feito no sentido horizontal, o que aumenta efetivamente a eficiência da fixação da âncora no fundo.

A corrente, todavia, tem seus inconvenientes que não ajudam a lhe credenciar como  a melhor opção de linha de ancoragem. Vamos a eles:

  • Zero Alongamento – a falta de alongamento da corrente, quando retesada, (fenômeno que acontece com frequência nos momentos de tempestades de ventos fortes) torna a linha rígida, passando a transmitir cargas grandes e destrutivas de tração, tanto a âncora quanto à embarcação.
  • Excesso de peso – dificulta o manuseio, principalmente, quando a embarcação não possui guincho e influi negativamente na navegabilidade devido à concentração de peso na proa.
  • Custo – o custo do metro linear de corrente é infinitamente maior do que o custo de um cabo de Poliamida ou Poliéster Alta Tenacidade de mesma resistência à tração.

O Cabo de fibra sintética trouxe às linhas de ancoragem uma nova dinâmica devido a sua elevada elasticidade. A  reboque veio a redução de peso, a resistência às intempéries (que os cabos de fibra natural não possuíam) e a enorme facilidade de manuseio, sem falar na redução de custos.

Amarra Principal

Todavia, havia um problema: a baixa resistência do cabo de fibra ao atrito, principalmente, nos fundos rochosos. Foi a partir daí é que se combinou o uso da corrente com o cabo de fibra.

Ao usar um tramo de corrente junto a âncora, eliminou-se o problema do atrito, pois é a corrente e não o cabo de fibra que ficará em contato com o leito do mar (rio ou lago) e ainda se ganhou eficiência na fixação da âncora, já que o esforço de tração é horizontal, com a corrente no fundo.

A elasticidade do cabo de fibra permite que a amarra estique suavemente sem romper, absorvendo desta forma, grande parte da carga  sobre o sistema de ancoragem provocada pela ação do vento e das ondas no barco.  Com isso, a força de impacto sobre os cunhos da embarcação e sobre a âncora é drasticamente reduzida, proporcionando maior segurança na ancoragem.

 As linhas mistas (corrente + cabo de fibras) são a cada dia, mais utilizadas por embarcações a motor e, principalmente à vela, pois o excesso de peso é diretamente proporcional à economia de combustível e ao desempenho do barco, respectivamente.

Emenda do Cabo de Fibra à Corrente

A forma mais usual e segura de unir um cabo de fibra a uma corrente é utilizando a milenar técnica de marinharia, uma costura cônica do cabo no último elo da corrente. Ela permite o uso nos guinchos elétricos e é confiável, não se tendo nenhum registro de falha ou mal funcionamento.

Emenda no cabo torcido

Emenda no cabo torcido

Emenda no cabo trançado

Emenda no cabo trançado

 

 

 

 

 

 

Algumas dicas do Capitão LAIS DE GUIA a respeito da amarra do seu barco:

  • Use sempre um destorcedor para unir a âncora à corrente. Ele vai evitar que ao recolher a âncora ela venha girando. Voce pode usar um destorcedor entre as duas manilhas ou um  conector destorcedor que elimina o uso das manilhas.
  • Se você tem o costume de longas navegadas, mantenha sempre dois jogos de amarra, um mais leve para o uso em situações normais e do dia a dia e um mais “parrudo” para ancoragens em situações de tempestades e ventos fortes.
  • Tenha sempre uma amarra auxiliar de popa (falaremos dela num outro post), ainda mais se você costuma pernoitar em ancoradouros com muitas embarcações.
Amarra auxiliar de popa

Amarra auxiliar de popa

 

  • Confira periodicamente as condições do aparelho de amarração do seu barco. Cunhos, passa-cabos, suporte âncora e guincho devem estar sempre em perfeitas condições de uso, afinal isso é a garantia de segurança de suas operações de atracação e fundeio.cunho-e-cabos3

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  •   Nas ancoragens em situações normais de mar (rios e lagoas) sua amarra deve ter o comprimento total (corrente +cabo)  de 3 a 5 vezes a profundidade do local. Já em situações de mar alto e tempestade, essa proporção sobe para de 5 a 7 vezes.

 

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2 comentários

  1. Paulo Parga   •  

    Muito boa a matéria. Que tal umas dicas de como fazer os nós trançados e torcidos para unir o cabo à corrente?
    Obrigado.

    • admin   •     Author

      Muito obrigada pela dica.

      Em breve teremos mais novidades no Blog do Capitão Lais de Guia

      Um forte abraço.

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