Neste post convidamos um experiente “capitão, velejador e gestor náutico” – Ricardo Ermel – que gentilmente nos brindou com importantes ensinamentos sobre os principais cabos utilizados na navegação à vela.
CORDA– Objeto comprido, esguio, flexível, aproximadamente cilíndrico, feito de fios de fibras naturais ou artificiais (tais como cânhamo, sisal, juta, linho, algodão, náilon) ou de arames, unidos e torcidos ou trançados, e, usado para amarrar, ligar, apertar ou prender.
Essa definição foi tirada do Dicionário Moderno Michaelis, mas, um bom marujo sabe que a bordo só existem 3 tipos de corda, como já abordada na charada do último blog: a do relógio, a do sino, e a da forca – que é usada quando um tripulante chama CABO de CORDA.
No dicionário naval, o “Cabo” pode ter vários significados como: uma graduação hierárquica da Marinha do Brasil, uma ponta de terra projetada para o mar, ou parte de uma ferramenta – (cabo do martelo). Nós trabalharemos o Massame que é o conjunto de cabos fixos e de laborar – Qualquer cabo empregado para içar, largar, arriar pesos, que trabalham passados por um poleame – empregados numa embarcação.
Iremos apresentar-lhes algumas funções bem conhecidas dos Cabos de Laborar, destacando sua designação inglesa, pois nesse mundo globalizado é um bom momento para conhecermos novos termos:
ADRIÇA (Halyard) – utilizado para içar velas, bandeiras, vergas ou qualquer sinalização. As mais famosas são: Adriça do Grande (Main), Adriça de Proa, Genoa ou Buja, (Genoa / Jib), Balão (Spinnaker), Bandeira (Flag). O tipo de cabo a ser usado dependerá do uso do barco. Em barcos de cruzeiro e de regata aceitam bem o cabo pré-estirado de dupla trança, já os barcos de alta performance necessitam de materiais exóticos.
AMANTILHO (Uphaul ou Topping Lift) ou Amantes – pela definição o Amante ou Amantilho é um cabo grosso ou corrente, que sustenta um pau de carga, mastaréu, verga, pau do balão (pau de spinnaker), etc. Nos barcos a vela o amantilho é comumente utilizado para sustentar o pau do balão. Pouca gente sabe que é nomeado de Amante cada um dos cabos passados aos turcos para içar ou arriar embarcações.
BURRO (Vang) – Nome que se dá ao cabo, ou aparelho, que trabalha fazendo força no sentido contrário a força natural. O mais popular é o Burro da Vela Grande que puxa a retrança para baixo, e, o Contra-Amantilho ou Burro do Pau (Downhaul) – que impede que o Pau de Spinnaker suba. Muito marujo velho usa a expressão Burro da Retranca, fazendo referência ao Burro do Grande. Vale frisar que o Burro da Retranca é o aparelho que aguenta a retranca para sotavento, ou seja, no sentido contrário da escota. Como curiosidade o Burro da Mesena pode ser chamado de Bolina.
ESCOTA (Sheet) – Cabo que serve para caçar ou folgar as velas. Na vela grande a escota normalmente é fixada na retranca, nas velas de proa uma escota de duas pernas, nas velas redondas (balão) uma escota por bordo. Como pressupõe-se que as velas devem ser trimadas frequentemente, e, a intensidade do vento é variável, recomenda-se cabos semi estiráveis.
ESTEIRA (Outhauls) – cabo que passa pela retranca e é atado no Punho da Escota, envergando a parte de baixo da vela, tencionando no sentido contrário ao Punho de Amura.
RIZES (Reef) – Cabos que passam nos ilhoses das forras de rizes e servem para amarrar contra a retranca ou verga a bolsa que se forma ao Rizar uma vela.
Outras duas designações muito utilizadas são o Cabo Branco (White Rope) que é o cabo cru, ou um caso de primeiro uso; e o Cabo Solteiro –quando está pronto para uso, mas sem função específica.
Saber manejar os cabos,conservá-los, aplicá-los de forma correta e conhecer suas cargas específicas; aumenta a segurança a bordo!
Ricardo Ermel é Gerente da Marina Piratas em Angra dos Reis, Coordenador Logístico e Velejador Profissional. Amante do mar e de todas as coisas que o cercam, Ricardo tem um extenso curriculum de atividades de coordenação logística de grandes eventos náuticos e participação como velejador em regatas e campeonatos nacionais e internacionais.